Primeiramente, precisamos dizer que, a palavra gestalt é de origem alemã. Definir gestalt é sempre uma tarefa delicada,
já que não existe uma tradução exata para a língua portuguesa ou qualquer outra.
Dentre as algumas possibilidades, podemos
tentar defini-la como o todo, forma, configuração, uma estrutura ou ainda, uma totalidade total organizada de um evento
percebido. Em suma, uma maneira singular de organização das partes ou elementos individuais de um todo maior, do que
apenas a soma das partes.
Nossa vida deve ser composta de elementos ou partes interligados e formem uma configuração saudável e harmoniosa. Na
prática clínica, podemos dizer que a palavra gestalt sugere como uma proposta de terapia em que o cliente é convidado
por seu terapeuta a desenvolver sua percepção e relacionamento com a totalidade do mundo em que vive no aqui e agora.
O objetivo da terapia é ajudar o indivíduo ajustar seu desenvolvimento que, de alguma forma foi interrompido do seu fluxo
natural de ajustamentos criativos ao meio ambiente.
A terapia gestáltica possui métodos específicos de auxiliar o cliente descobrir seu potencial adormecido, buscando
desenvolver sua percepção de si mesmo e do meio circundante.
Basicamente a proposta dessa abordagem é a partir do aqui
e agora, trabalhar situações inacabadas no passado.
Partindo de uma reflexão do surgimento da Gestalt-terapia, podemos dizer que existem versões divergentes e polêmicas
de suas origens: para alguns o grande fundador ou redescobridor da Gestalt-terapia foi Fritz Perls; para outros, um
grupo de fundadores – o "grupo dos sete" compostos por: Frederick Salomon Perls, sua esposa Laura Perls, Paul Goodman,
Isadore Fromm, Paul Weiss, Elliot Shapiro e Sylvester Eastman.
E, apesar de suas discordâncias, esse grupo que compôs
o berçário da Gestalt-terapia foi em busca de uma terapia verdadeiramente existencial, dando suporte ao homem do século
XX, angustiado e à procura de seu crescimento e auto-realização. É importante observar que a Gestalt-terapia surge no
período do pós-guerra, uma época de muito sofrimento e angústia para a humanidade, o mundo vivia um processo de conscientização
e a abordagem gestáltica trazia bases teóricas e filosóficas que pregavam a liberdade.
Para Perls, a Gestalt-terapia surge como uma proposta de terapia onde as interpretações da história passada, tornam-se
obsoletas e dá lugar as experiências vivas do passado no momento presente. Mais especificamente, resgatar a experiência
imediata da pessoa no aqui e agora. Dessa forma, por que da Psicanálise é transformado no o que e ao como de nossas
emoções e comportamentos neuróticos.
Na Gestalt-terapia, estamos mais preocupados com a estrutura dos comportamentos
repetitivos dos nossos clientes na busca de um ajustamento criativo saudável para as nossas ações. A vivência, o acontecimento
são as melhores explicações. A prática clínica na Gestalt-terapia direciona a improvisação e experimentação, mais do
que qualquer tipo de explicação.
Um modelo de terapia que modifica radicalmente o que o terapeuta e o cliente vão focalizar, tornando possível dessa
forma, começar o processo de terapia a partir de qualquer ponto, com qualquer material disponível: um sintoma, um sonho,
um suspiro, uma expressão facial, um modo de se sentar, etc. Em Gestalt-terapia, qualquer um desses elementos ou ações
são passíveis para o núcleo do trabalho.
Parece que, ao trocar o local da descoberta do passado para o presente, da lógica das causas para o drama dos efeitos,
Perls foi mais além: ele de alguma forma tornou possível para o paciente em terapia revisar todo o seu padrão de existência
a partir da perspectiva do agora.
Então a construção que o paciente faz da sua vida se torna uma escolha, não um fato
do destino.
© Copyright 2003 - 2021 Instituto Carioca De Gestalt-Terapia LTDA | CRPPJ/1102